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O Castelo de Vidro

30 jul

“De vez em quando, éramos matriculados numa escola, mas nem sempre. Mamãe e papai cuidaram da maior parte da nossa instrução. Mamãe nos fez ler livros sem figuras antes dos cinco anos de idade, e papai nos ensinou matemática. Também ensinou as coisas que eram realmente importantes e úteis, como o código Morse e que nunca deveríamos comer fígado de urso polar porque toda aquela vitamina A que ele tem podia nos matar. Ele mostrou como mirar e atirar com a sua pistola, e como atirar flechas com o arco da mamãe, e como jogar uma faca segurando-a pela lâmina para que ela atingisse o centro do alvo com um barulho gratificante. Quando eu tinha quatro anos, eu manuseava bem a pistola do papai, um revólver grande e preto com tambor de seis balas, e acertava cinco de seis garrafas de cerveja a trinta passos de distância. Eu segurava a arma com as duas mãos, colocava o tambor em posição e apertava o gatilho lentamente e suavemente, até que, com um forte estalo, o revólver dava um coice e a garrafa explodia. Era divertido. Papai dizia que a minha boa mira poderia vir a calhar se, algum dia, fôssemos cercados pelos agentes federais.”

O Castelo de Vidro

O Castelo de Vidro, há dois anos na lista dos mais vendidos do New York Times, é um impressionante relato de superação e amor. Neste surpreendente livro de memórias, a famosa jornalista norte-americana Jeannette Walls mostra como conseguiu lidar, até a adolescência, com a excentricidade, a negligência e a falta de dinheiro dos pais.
Rex e Rose Mary Walls eram pais nada convencionais. Rex era um escritor fracassado, um homem brilhante e carismático. Sabia que sua família era especial e por isso sonhava construir uma grande casa no deserto, o Castelo de Vidro. Compreendia perfeitamente a imaginação dos filhos. Ensinava-lhes física, geologia e, acima de tudo, como enfrentar a vida intrepidamente. Em uma noite de Natal, ofereceu a cada um deles uma estrela de presente. Mas, quando estava bêbado, Rex era desonesto e violento. Rose Mary, pintora e escritora, era uma mulher alheia a necessidade dos filhos e pensava mais na arte do que na comida e no bem-estar da família.
A príncipio, os Walls vivam como nômades. Mudavam-se constantemente de uma cidade para outra, habitando armazéns abandonados e acampando nas montanhas. Praticamente todo o dinheiro vinha de bicos do pai, mesmo sendo a mãe uma professora diplomada. Mais tarde, quando não conseguiam mais se sustentar com suas fontes de rendas incomuns -, recolheram-se na pequena cidade mineradora de Welch.
O pai fazia de tudo para fugir da realidade. Bebia, roubava dinheiro de casa e passava dias desaparecido. A mãe não ligava para os filhos. Assim, Jeannette aprendeu a sobreviver muito cedo. À medida que os problemas da família aumentavam, Jeannette, as duas irmãs e o irmão tinham que cuidar de si mesmos sozinhos – arranjavam comida, limpavam a casa e encorajavam os pais e trabalhar, enquanto se amparavam mutuamente e procuravam dar alguma normalidade às suas vidas. Quando finalmente Jeannette e os irmãos tomaram coragem para abandonar Welch e tentar o sucesso em Nova York, seus pais os seguiram e optaram, finalmente, por viverem por sem-teto, mesmo enquanto os filhos prosperavam.
Durante vinte anos, sempre que alguém perguntava sobre a sua família, Jeannette Walls mudava de assunto. Nunca contava detalhes do seu passado. Neste livro ela finalmente revela todos os seus segredos sobre suas origens. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, esta não é uma história triste. Sem qualquer resquício de autopiedade, Jeannette Walls descreve suas aventuras de forma divertida, e seus pais, com profundo carinho e admiração.
O Castelo de Vidro é uma linda história de triunfo sobre todo tipo de adversidade, uma narrativa emocionante sobre o amor incondicional por uma família que, apesar de seus defeitos, deixou para Jeannette Walls uma rica herança: determinação para construir uma vida bem sucedida.

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Nome do Livro no Brasil: O castelo de vidro
Nome Original: The Glass Castle
Escrito por: Jeannete Walls
Publicado no Brasil em: 2007
Editora: Nova Fronteira
Nº de Páginas: 367
Capa original: