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Precisamos falar sobre o Kevin

23 jul

“A expressão de Kevin era tranquila. Ainda exibia uns restos de determinação, mas esta já deslizava para a empáfia arrogante e serena de um trabalho bem feito. Os olhos dele estavam estranhamente desanuviados – imperturbados, quase pachorrentos – e, reconheci a transparência daquela manhã (…) Aquele era o filho estranho, o menino que largara o disfarce vulgar e evasivo do quer dizer e do eu acho e o trocara pelo porte de chumbo e pela lucidez do homem que tem uma missão.”

Precisamos falar sobre o Kevin

Antes de completar 16 anos, o adolescente norte-americano Kevin Khatchadourian, um garoto bonito, inteligente, mimado pelo pai e admirado pelos professores surpreenderia a todos ao cometer uma chacina, uma matança sem igual no ginásio de seu colégio, nos subúrbios de Nova York. Num crime friamente calculado, Kevin usando uma balestra, dispara flechas contra sete colegas seus, uma professora e um funcionário da cantina, matando e ferindo sem um explicação plausível. Menos para a sua mãe, Eva Katchadourian, que ao vê-lo pela primeira vez – no trecho acima – reconheceria o monstro que criara. Revendo sua difícil relação com o filho, desde seu nascimento até o dia fatídico. Torturado pela culpa de que podia ser responsável de alguma maneira pelo massacre, Eva procura os porquês de tudo aquilo.

O livro é narrado em primeira pessoa, através de cartas de Eva a Franklin, pouco mais de um ano e meio depois da quinta-feira. Misturando ao histórico de maldades de Kevin comentários e revelações, Eva reconta toda a trajetória sua e de seu menino, como ela decaiu de empresária bem-sucedida a agente de viagens fracassada e como ele sempre fora mau. Mas mau mesmo, no sentido mais puro da palavra; se adolescentes rebeldes que tiram sarro dos pais enquanto fumam um baseado apavoram os telespectadores da maior revista eletrônica do país, acredito que, ao ler as peripécias de Kevin, esses mesmos telespectadores teriam um ataque cardíaco – no mínimo. Não que atrocidades sejam narradas explicitamente durante a narrativa; embora algumas sejam, a sutileza com que as situações são postas às claras é suficiente para imaginar o que ocorrera, e se ultrajar ou sensibilizar com a situação.
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Nome do Livro no Brasil: Precisamos falar sobre o Kevin
Nome Original: We Need to talk about Kevin
Escrito por: Lionel Shriver
Publicado no Brasil em: 2007
Editora: Intrínseca
Nº de Páginas: 464

Capa original: